quinta-feira, 26 de junho de 2008
O menino que rompeu com os adultos
Ficou com aquilo de ser quando crescer na cabeça. Foi para a frente da casa como quem sai de si um pouquinho, mas fica na porta, à espera, e se sentou no meio fio, olhando a poeira voadora da rua. Numa meninice muito séria e compenetrada. Era-se sempre uma coisa quando se crescia. Era-se médico, professor, tio, pai, namorado e era-se também entendedor das coisas todas. Mas e se nunca fosse? Cresceria? Mas e se nas provas de para-ser-grande não passasse? Que acontecia aos que nunca conquistavam o entendimento das coisas? Sentiu uma desilusão muito grande com os adultos, naquela tarde à porta da frente, porque deduziu nunca poder provar caso lhe estivessem mentindo. Se toda aquela espera fosse uma pregação de peça, feito a de perguntar a alguém como fazer um bobo esperar por um dia e então dizer “te conto amanhã”. E talvez nenhum adulto realmente fosse: Qualquer coisa. Só faz-de-conta que fosse. Ao crescer só se ganhava o direito de tapear os pequenos para lhes obrigar coisas.
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