Aqui; xá eu te contar do que se faz um bom domingo: ‘cê pega ali o Complexo Caixa, sabe Caixa? ‘li menino, onde só tem banco, tem lá ‘quele grandão – Banco do Brasil – pois é, lá atrás. Tem um treco lá chamado assim ó: Complexo Cultural da Caixa, vai tê lá nome, estacionamento, exposição - tudo bonitinho - uns postais que todo mundo passa mão - num sobra nenhum se perdê tempo – até café tem, mas é caro, num vô te menti. Então. Pega essa rota; assim depois das seis sete da tarde, já teve o lanche, foi pra parada das moça que gosta de moça, se é de parada ( se num é, num foi ), tava pensando em um cineminha... mas num vai pra cineminha não! Pres’ tenção! Ocê vai é pro teatro. Que é bão. Confia. É bão.
Inda mais quando vem uns moço (com uma moça) lá das riba de ... sei bem não, parece que de todo lugar, num tal de grupo Moitará (tô te falando, rapaz, Moitará, feito se dizia da troca de objeto ou sirviço, comercial ou de cultura dos índios do Xingu entre si, lá no Mato Grosso), que diz que faz pesquisa desde que eu nasci (1988) pra mó de entendê que diacho é isso de trabalho de ator. Já trouxeram um monte de gente batuta desse mundo afora, e saem por aí, dando palestra à torto e à direito. Têm inté acervo que deixam o povo futricá, e vão rodar o País com essa peça, a começar daqui rumando a São Paulo, depois de passar por Salvador, Curitiba e o Rio, mostrando os estudo que fizerum cumas máscara pra criar uns tipo. É. Eu disse tipo, menino, tá acompanhando?
Então, tipo. Assim que nem esses personagem nordestino que são metido a engraçadinho, esperto, varado de fome, mas temente a deus e a seus Santo Antonio. Fizeram cá um espetáculo desses bobo - com cara que é pra criança - que diz é tudo (como só os bobos sabem dizer), chamado “Quiprocó”, montado num palco alumiado cumas cor bunita de daná, com música da boa, tirada ali mermo da sanfona, do batuque, com a viola e o violino, com diálogos tão gostosos, que logo se vê serem obra de direção mais livre, que deixa o ator criar. E, se num vê logo, vê dispois; tomando um susto quando olha os cabras (mais a dama) tirando as máscara, parecendo inté que era aquela a cara deles mermo. Coisa rara, no que tenho visto. Chegaram por detrás pedindo licença nuns dizeres assim
“Oh de casa, nobre gente
Dá licença de chegar
Abre portas e janelas
Para em vossa casa brincar”
E tanto brincaram, no palco e com o público, que a gente nem viu o tempo passar. Mas passou. Agora já foi, junto cás oficina de fazer máscara estranha, de cobrir meio rosto, rosto inteiro, cuns narigão que tavam dano até anteontem. Aí vão me perguntar assim: Pros mó de quê cocê num avisou antes? Eu respondo: Pro ‘cês largar de ser besta, e proveitá o que tem na cidade. Que com cinco reais, iam tê aprendido mais dessa nossa brasilidade que se aprende nas aulas de geografia e terminado o domingo bem à beça, feito eu, que num tenho cara de bocó.
Pelo menos inda dá pra ver o Portinari em exposição e com dez reais ouvir um monte de marchinha em “Sassaricando”, espetáculo que fica té o fim do mês. Agora vem reclamar que num avisei, vem. Hum!
"Às vezes, pelas tardes, uma face
nos observa do fundo de um espelho;
a arte deve ser como este espelho
que nos revela a nossa própria face."
(Arte Poética/Jorge L. Borges)
6 comentários:
Oie!!!
Nossa!!!
Você é nordestino e a gente não sabia!
rsrsrs
Muito interessante seu blog!!
adorei!!!
Bjim!!!
Adorei o blog, o perfil, a descrição, o tema, e principalmente o texto de hoje. Parabéns e vê se aparece nas aulas. Beijos.
Que orgulho de vc! hahaha
Gosto dessa sua fase mais descontraída. Longe daquela coisa um tanto "Rodriguiana" que vc adora, kkk. Miiirrrrnnnaaaa! haha
Abraço!
Eu sei bem. Mas eu adoro palhaços malazartes como tu!
= D
Não me denuncia não hein! Senão a gente sempre vai chegar atrasado! hahahaha
= *
muito bom seu blog.
firme! vou te add nos favoritos, ok?
Texto sensacional, Ronan. Me diverti como se estivesse no teatro.
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