terça-feira, 15 de abril de 2008

É engraçado nós esperarmos sempre que todas as reações nos atinjam de imediato, quando muitas delas, mesmo a raiva, e o medo, que são as mais apaixonadas, podem demorar horas, dias ou qualquer outra medida de tempo para se manifestar claramente. Através de uma imagem, ou de uma sensação, como uma paisagem, um vento no rosto. Um cheiro ruim. Já tive vezes em que desatei a chorar no meio da rua com uma lembrança que, na hora acontecida, não me provocou nada que me tirasse da indiferença. Há um imediatismo da nossa formação, a formação da nossa geração. Chega a ser possível que só percebamos o prazer das nossas relações muito depois, quando pensamos ou falamos sobre elas. Tão atribulados estávamos em fazer com que fossem prazerosas. Nesses casos não sei se está tudo bem o prazer vir depois, através da lembrança, ou se ele poderia ser parte do acontecimento, caso eu não estivesse tão ansioso pelo minuto seguinte. Ultimamente estou sempre em dúvida se é preferível dizer alguma coisa ou apreciar simplesmente o silêncio.

Um comentário:

Unknown disse...

Sentir já tem rótulos, tempo cronometrado, duração e intensidade...

Fujo dessas formas prontas, esperando não-sei-o-quê, algo que me deixe estonteado, que me faça refletir antes de chegar a uma reação...

Temao
Eduardo Marinho
eduardomarinho.wordpress.com
(oportunity, ahu!)